Alta do dólar freia o setor farmacêutico

Depois de atingir crescimento de 13% na receita nominal em 2014, com faturamento na casa dos R$ 68 bilhões e expansão de 12% nas exportações em janeiro deste ano, a indústria farmacêutica se prepara para uma frenagem, forçada, em sua produção nos próximos meses. Com 90% dos insumos vindos do exterior e preços dos produtos controlados pelo governo, a escalada do dólar — que chegou aos R$ 3,30 — tem se transformado em um desafio a mais. Também ronda o setor o fantasma do aumento dos custos com energia, frete e mão de obra, em função do corte das desonerações da folha de pagamento.

O cenário de pessimismo fez os empresários da indústria projetarem, para este ano, um crescimento real igual a zero, e nominal em torno de 8%. Taxa próxima à inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que segundo previsão de analistas ouvidos pelo Banco Central para o Boletim Focus, fechará o ano em 7,93%. A desaceleração na atividade deve gerar impactos , inclusive, no mercado de trabalho, com demissões já previstas para o próximo mês. “Até agora, vínhamos mantendo os empregos em função da desoneração da folha. Coma suspensão da medida, provavelmente as demissões vão começar a partir de abril”, diz Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma).

Para o executivo, assim como no restante da indústria, não há espaço para falar de aumento real aos trabalhadores em 2015. “No ano passado, a categoria teve aumento real nos salários de 1,5%. Mas este ano, com a queda da rentabilidade por causa da expansão dos custos com a alta do dólar e os reajustes dos preços dos medicamentos, sempre abaixo da inflação, a indústria não tem como suportar a concessão de um aumento real”, afirma. Nos próximos dias, o governo federal deve divulgar o novo reajuste dos medicamentos, esperado para ficar bem abaixo da inflação de 2014, em 6,41%.

No ano passado, foi concedido reajuste de 3,5%, inferior à inflação de 2013, de 5,91%. A saída para uma compensação da alta dos custos para a indústria farmacêutica pode estar no mercado externo. Diretor da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Pedro Bernardo diz que, embora a oscilação do câmbio ainda gere incertezas aos empresários quanto à expansão das exportações, é fato que a desvalorização do real pode compensar as perdas com o mercado, também abalado pela retração do consumo das famílias. “Temos que acreditar que o dólar vai se estabilizar num determinado patamar. Assim, conseguimos melhorar a nossa competitividade. Com oscilações, o empresário não consegue se planejar na incerteza”, observa Bernardo.

Fonte: Interfarma

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