Biocápsula sustentável, criada a partir de resíduos da indústria farmacêutica, dá vida à novas árvores em áreas degradadas

Um engenheiro ambiental utilizou as cápsulas de colágeno descartadas pela indústria farmacêutica para dar vida à novas árvores. As embalagens, geralmente utilizadas para preservar um medicamento, recebem sementes de plantas nativas e são distribuídas em larga escala. Além de reutilizar resíduo, as biocápsulas sustentáveis trazem uma maior fertilidade e taxa de germinação ao solo, principalmente em áreas degradadas que sofreram desmatamento, queimada, erosão ou são de difícil acesso.

Desenvolvedor do projeto das cápsulas, o engenheiro ambiental Gabriel Estevam Domingos iniciou a carreira em Cubatão. Ele vem se destacando nos últimos anos na área de tecnologias e inovações para o meio ambiente e já registrou 25 patentes.

Atualmente, como diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Ambipar, ele criou as biocápsulas sustentáveis para reaproveitar as embalagens de colágeno que, durante o processo de qualidade, acabam sendo descartadas pela indústria por algum defeito de fábrica.

“Nós trazemos essas cápsulas para o laboratório, colocamos sementes. Essas sementes que estão aqui elas vieram do Pará, do bioma Amazônico. Todas as árvores são nativas. Nós colocamos uma a uma dessas sementes, seja em um processo manual ou por meio de encapsulamento automático, e adicionamos um eco solo”, explica.

Biocápsula sustentável, criada a partir de resíduos da indústria farmacêutica, dá vida à novas árvores em áreas degradadas — Foto: Divulgação

Biocápsula sustentável, criada a partir de resíduos da indústria farmacêutica, dá vida à novas árvores em áreas degradadas — Foto: Divulgação

Segundo o pesquisador, o eco solo funciona como um condicionar do solo, que favorece a formação de melhor enraizamento. Ele é produzido também a partir de resíduos, no caso, provenientes da indústria de papel e celulose, e traz mais nutrientes para as plantas. “Em contato com a água, [a cápsula] fica basicamente como nosso organismo. Ela rapidamente acaba sendo derretida, dissolvida, fazendo com o que está aqui dentro seja disperso”, explica o engenheiro.

As biocápsulas tem sido plantadas em escala de forma remota, a partir de drones semeadores criados para esse fim. Apesar de ser pequeno, segundo o pesquisador, o drone consegue, em um único voo, carregar quase 3 mil biocápsulas. “E, por meio desse dispositivo de lançamento, ele vai lançando as cápsulas, em uma determinada área”, diz.

O próprio drone coleta as imagens do solo, as coordenadas geográficas e a topografia. Com isso, é possível acompanhar o crescimento da plantação ao longo do tempo. Já foram produzidas e aplicadas mais de 500 mil unidades de cápsulas em áreas da Amazônia e Mata Atlântica, inclusive, na Baixada Santista.

Cápsulas são distribuídas por drones em áreas degradadas — Foto: Divulgação

Cápsulas são distribuídas por drones em áreas degradadas — Foto: Divulgação

Segundo o engenheiro, a própria cápsula protege a semente contra sol, fungos, insetos e promove uma maior taxa de fertilidade e uma maior chance de germinação, se comparado ao sistema tradicional de plantio de sementes. “Traz os nutrientes, como matéria orgânica funcional, retenção de umidade, a troca catiônica (CTC) e alguns nutrientes, desde micro até macro, como o nitrogênio”, explica.

Ao longo do tempo, a equipe do engenheiro realizou testes com várias culturas, principalmente, árvores frutíferas e, de acordo com ele, obtiveram resultados muito satisfatórios, desde o crescimento até a quantidade de mudas que eram plantadas. “São resíduos que antes eram inutilizados. Eles voltam para a cadeia produtiva, transformando resíduo em árvore”

Biocápsula sustentável, criada a partir de resíduos da indústria farmacêutica, dá vida à novas árvores em áreas degradadas — Foto: Divulgação/Ambipar

Biocápsula sustentável, criada a partir de resíduos da indústria farmacêutica, dá vida à novas árvores em áreas degradadas — Foto: Divulgação/Ambipar

Com o projeto cápsulas sustentáveis, Estevam conquistou o 21° Prêmio Jovem Brasileiro (PJB) na categoria Meio Ambiente. Esse é o 35° prêmio obtido por ele na área de tecnologias e inovações para o meio ambiente.

“Um prêmio superimportante, maior prêmio do segmento. Mais de 300 empresas participaram e a gente conquistou mais um troféu para a nossa coleção. O mais importante de tudo é trazer o impacto, a economia circular e a inovação para a sociedade”.

Fonte: G1

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