Cenário mundial motiva queda na produção e nas vendas internas de químicos em agosto de 2022

Os principais índices do segmento de produtos químicos de uso industrial registraram resultados negativos em agosto de 2022, na comparação com o mês anterior, conforme dados preliminares dos indicadores Abiquim-Fipe. A produção recuou 4,23%; já em relação ao mesmo mês do ano passado, o declínio foi 10,76%. Tais dados mostram que agosto de 2022 foi o pior agosto em termos de produção desde 2007. E os números das vendas internas refletem o mesmo cenário: elas sofreram um decréscimo de 3,76% em agosto deste ano e tiveram um recuo de 5,96% na comparação com igual mês de 2021.

Por outro lado, apesar do cenário internacional adverso, o volume de importações teve elevação de 5,3% em agosto, tendo sido a segunda alta mensal consecutiva. Em julho, as importações haviam crescido 8,4%. Com esses resultados, a demanda interna, medida pelo CAN (consumo aparente nacional), exibiu alta de 1,4% no último mês de análise, mas ficou 1,7% abaixo da de agosto do ano passado. O nível de utilização da capacidade instalada ficou no patamar de 68% em agosto, registrando ligeira piora em relação ao valor de 69% do mês anterior, com declínio de expressivos seis pontos em relação a agosto do ano passado. No que se refere ao índice de preços, o segmento teve deflação nominal de 1,33% no mês, após a elevação de 0,26% de julho.

Confira, na tabela abaixo, os principais indicadores do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim:

Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, a economia mundial está passando por um período delicado em termos de energia, sobretudo em decorrência do conflito entre Rússia e Ucrânia. “Os preços dos energéticos em geral (óleo, gás e eletricidade) têm subido de forma intensa, a confiabilidade de suprimento tem sido prejudicada e não há expectativa de uma solução de curto prazo, o que pode levar a Europa, inclusive, à necessidade de racionamento, durante o pior período do ano (inverno).”

Ferreira afirma que a indústria química europeia e a brasileira, que tem sua base de produção ancorada em matérias-primas oriundas do petróleo, como nafta, sofre diretamente com esse cenário adverso. No Brasil, cerca de 70% da nafta consumida localmente e metade do gás demandado vem sendo supridos por importações. “Os preços do gás no Brasil antes do conflito custavam o dobro do americano e o triplo do europeu, mas esses valores estão sendo pressionados pela forte alta na cotação do GNL, atualmente, cuja referência foi multiplicada por quatro nos primeiros seis meses deste ano e sem perspectivas de arrefecimento no curto prazo.”

O gás está custando mais de US$ 20/MMBTU no Brasil, enquanto a referência americana está perto de US$ 7,5/MMBTU. Em meio a esse cenário, continua Ferreira, o Real se valorizou 0,18%, em relação ao dólar, em agosto de 2022, sendo que já havia se valorizado 0,95% em julho. Os preços do petróleo Brent e da nafta petroquímica no mercado internacional, convertidos para reais, apresentaram queda de 13,08% e de 17,19%, respectivamente, na comparação com o mês de julho.

Nos últimos doze meses, até agosto de 2022, o índice de quantum da produção recuou 0,64%, demonstrando forte desaceleração no ritmo de desempenho em relação ao resultado dos doze meses anteriores, ocasião em que a variável havia crescido 0,34% (entre agosto de 2021 e julho de 2022). Já o índice de quantum das vendas internas caiu 4,19%, sinalizando uma ligeira melhora na taxa anualizada das vendas internas em relação ao resultado anterior, quando havia exibido queda de 4,68%. No mesmo período, as importações recuaram 3,0%, e as exportações cresceram 4,6%, mas com forte desaceleração em relação aos doze meses encerrados em junho de 2022, ocasião em que as exportações exibiam alta de 10%. No que se refere ao CAN, a variável apresenta elevação de 0,6%, com declínio em relação à comparação anterior (+1,5%), que cobriu o período entre agosto de 2021 e julho de 2022. 

Fonte: Abiquim

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