Cientistas, professores e estudantes se reuniram neste domingo (8) na Marcha pela Ciência na avenida Paulista, em São Paulo, para pedir mais investimentos na área.
O evento foi organizado pela SBPC (Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência), que completa 70 anos em 2018, teve a parceria do Instituto Moreira Salles e contou com atividades culturais.
Bonecos de Olinda dos cientistas Nise da Silveira, Albert Einstein, Aziz Ab’Saber e Leite Lopes abriram a marcha, que contava com a presença de diversas entidades científicas e cientistas que serão candidatos na eleição deste ano.
O cantor Maurício Pereira fez um show com obras relacionadas à ciência e educação, e o núcleo Arte Ciência fez uma intervenção que intercalava frases de cientistas e famosos à música “O que será” de Chico Buarque.
“Nosso protesto é contra o quadro de desmonte que estamos vivendo na ciência, na tecnologia e na educação pública no Brasil”, diz Ildeu Castro, presidente da SBPC. A data marca também o Dia Nacional da Ciência e o aniversário da entidade.
Para a presidente da Associação de Pesquisadores do Estado de São Paulo, Cleusa Lucon, os governos estaduais e federal são omissos em relação ao investimento em ciência, e isso será sentido pela população. “Prevejo coisas ruins no futuro se não investirmos em ciência e pesquisa.”
Segundo o MCTIC (Ministério da Ciência e Tecnologia, Inovação e Comunicação), o orçamento para este ano é de R$ 4,6 bilhões de reais —12% menos que 2017. Com a fusão dos ministérios da Ciência e da Comunicação, há menos verba para pesquisa.
“Na crise de 2008, nenhuma nação abriu mão de investir em ciência e tecnologia. O Brasil fez o caminho inverso”, diz Flávia Calé, presidente da associação nacional de pós-graduandos. Para ela, isso causa a desvalorização de bolsas, redução de insumos e fuga de cérebros. “Temos mais mestres e doutores e menos emprego”.
A Marcha pela Ciência teve início dos EUA após a eleição do presidente Donald Trump. Em abril de 2017, mais de 500 cidades em diversos países se reuniram para pedir que líderes políticos tomassem decisões com base em evidências científicas —claro movimento contra o presidente que já classificou o aquecimento global como farsa, retirou os EUA do Acordo de Paris contra as mudanças climáticas e cortou verbas federais para pesquisa médica.
O movimento também teme pelo o que vê como um ceticismo cada vez maior em tópicos como vacinas, organismos geneticamente modificados e evolução. Peggy Mason, professora da Universidade de Chicago, afirma que o governo americano promove injustiças e não acredita nos dados que os cientistas produzem.
Neste ano, mais de 200 cidades aderiram ao movimento pelo mundo —nove no Brasil. Segundo organizadores, 600 pessoas participaram do evento deste domingo em São Paulo —em outubro do ano passado, foram mil.