Envelhecimento acelerado no Brasil eleva desafios da indústria da saúde

Em meio a um acelerado processo de envelhecimento da população, a indústria de saúde no Brasil encara o desafio do aumento da demanda por procedimentos hospitalares e de medicamentos, enquanto busca reduzir a dependência das importações de equipamentos e insumos.

“O Brasil passa por um envelhecimento sem precedentes. Países europeus e asiáticos demoraram quase um século para dobrar a população de idosos. Já por aqui, a expectativa é de que isso aconteça em 20 anos”, avalia o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed), Carlos Goulart.

Segundo relatório das Nações Unidas, enquanto a população mundial com mais de 60 anos deverá saltar de 10%, em 2000, para 13,5% em 2020, esse mesmo extrato no Brasil passará de 7,7% para 14% no mesmo intervalo. Já em 2040, a fatia da população com mais de 60 anos chegará a 18,8% no mundo, ao passo que, no Brasil, esse total será de 24%.

O crescimento da base de idosos traz o alerta sobre o financiamento do sistema previdenciário. “Ainda somos um País jovem do ponto de vista do equilíbrio da previdência, mas a população idosa vai ser muito representativa em 20 a 30 anos”, diz o sócio e líder da KPMG na área de saúde, Leonardo Giusti.

Junto com o envelhecimento da população e a sustentabilidade do sistema previdenciário – que torna urgente a reforma da previdência – surgem os desafios do cuidado com a saúde, sobretudo no tratamento para doenças crônicas e degenerativas. “A população está envelhecendo e vivendo mais. Mas o foco ainda está na remediação e não na prevenção. Isso cria uma pressão que vai aumentar o colapso do sistema”, diz Giusti.

Entre os especialistas consultados pelo DCI, há um consenso sobre a necessidade de alteração do atual modelo de remuneração de serviços médico-hospitalares, a partir do volume de procedimentos realizados, para algo baseado em valor – equilibrando satisfação do usuário, qualidade na assistência prestada e custos adequados. A expectativa, caso não se altere o atual modelo, é de que o custeio da saúde demande até 25% do PIB em 20 anos, frente aos 9% atuais.

Investimentos

Diante destes desafios, a retomada dos investimentos será essencial. Após recuar 7,6% em 2015 e 13,9% em 2016, Goulart, da Abimed, projeta que o setor registre leve alta em 2017, mas uma expansão de 5% em 2018 nos aportes em bens de capital médicos. “Durante a crise, muitos equipamentos que poderiam ser renovados em dois ou três anos deixaram de ser trocados”, explica, em referência às máquinas utilizadas em diagnósticos por imagem, tomagrafia, raio-x, ressonância ou ultrassonografia.

Uma parte dos equipamentos, como ressonância e tomografia, já é feita no Brasil, mas o restante é importada. No entanto, não são só as máquinas, mas também as matérias-primas usadas em medicamentos dependem do exterior.

“Cerca de 95% dos insumos são importados, principalmente da China e da Índia, mas também da Europa”, diz o presidente executivo do Sindicato da Indústria Farmacêutica (Sindusfarma), Nelson Mussolini. Segundo ele, o Brasil não produz os ingredientes ativos utilizados nos medicamentos, apenas os produtos finais.

O presidente executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Carlos Eduardo Gouvêa, pondera que muitos insumos não têm escala para produção de forma competitiva. “O Brasil precisa avançar nas pesquisas e no desenvolvimento, mas o ideal seria avançarmos e liderarmos as pesquisas de doenças tropicais, como dengue, doenças de chagas ou zica”, completou.

Fonte: DCI

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