Fake News reforçam movimento antivacina

“O conhecimento científico está se distanciando do saber popular.” _ Ivana Bentes, diretora da Comunicação da UFRJ “A medicina tem sido questionada. Pessoas acham melhor ter sarampo do que tomar vacina.” _ Kenneth Camargo, professor da Medicina Social da Uerj

Helaine Oliveira acostumou-se a ver parentes de crianças com autismo declarando que elas não serão vacinadas. Eles alegam que a indústria farmacêutica põe metais pesados nos imunizantes, o que agravaria as condições de saúde dos menores. Mas a jornalista, que é mãe de um menino de 6 anos com o transtorno, tenta fazer com que os amigos mudem de ideia: as teorias que defendem no WhatsApp não passariam de “fake news”:

—Mostro estudos científicos, explico que estão colocando suas crianças em risco, mas a resistência é grande.

Publicações e páginas nas redes sociais contribuem para disseminar notícias falsas, como a suposta ligação entre a vacina tríplice viral e o desenvolvimento de autismo, que foi tema de estudo divulgado 20 anos atrás. Seu autor, Andrew Wakefield, teve a licença cassada pelo Conselho Médico Britânico. Diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, Ivana Bentes ressalta que uma das consequências da multiplicação dos meios de comunicação foi dar robustez ao movimento antivacina:

— O conhecimento científico está se distanciando do saber popular. Precisamos de um discurso em linguagem acessível. Sem isso, travamos uma guerra de repertórios.

É a mesma opinião de Luiz Peres-Neto, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing:

— A medicina é pouco preparada para trabalhar com a comunicação, e precisamos ter fontes seguras de informação sobre saúde, principalmente em um terreno tão sensível como o das vacinas —sublinha.

No livro “Recusa de vacinas”, o infectologista Guido Levi traça o perfil dos “antivacionistas”: são pessoas de classe A e com ensino superior, que acreditam que a imunidade natural é melhor do que a proporcionada pela ciência.

— Existem dois fatores: a ignorância e o descaso. Os pais não podem deixar de proteger as crianças com argumentos supostamente filosóficos.

Kenneth Camargo, professor do Instituto de Medicina Social da Uerj, também aponta a popularidade de terapias naturais encaradas como alternativas à vacina.

— A confiança na medicina tem sido questionada. Algumas pessoas acham que é melhor ter sarampo do que tomar vacina. Mas ignoram que a doença diminui a imunidade por até quatro anos.

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