Inibição de proteína pode interromper progressão de câncer de pulmão

Um grupo internacional de pesquisadores, com a participação da bióloga Daniela Sanchez Bassères, professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), identificou um mecanismo molecular que pode ser importante para o desenvolvimento de um tratamento para o câncer de pulmão de células não pequenas, subtipo de tumor que representa cerca de 85% de todos os casos da doença nesse órgão e mata anualmente cerca de 1 milhão de pessoas no mundo. Eles analisaram amostras de tecido tumoral de 490 indivíduos com esse tipo de câncer e encontraram, na maior parte dos casos, uma baixa expressão (ativação) do fator de transcrição C/EBPα, proteína associada à supressão de tumores, e uma superexpressão da BMI1, proteína oncogênica associada à proliferação celular.

Em experimentos adicionais com linhagens celulares humanas e em tumores pulmonares gerados em camundongos, os pesquisadores concluíram que esses dois eventos estão geralmente correlacionados: a diminuição ou perda de expressão do C/EBPα está quase sempre ligada ao aumento na ativação da BMI1. Além disso, o uso de estratégias de manipulação genética para reduzir a quantidade da proteína BMI1 impediu o crescimento de tumores pulmonares em camundongos. Esses indícios os levaram a administrar um composto, ainda em fase de testes, em camundongos com câncer de pulmão induzido para verificar seus possíveis efeitos. Chamado PTC-209, o candidato a fármaco conseguiu inibir a expressão da BMI1 e, provavelmente por esse motivo, interrompeu o crescimento do tumor nos animais com baixa expressão do fator de transcrição. “A inibição dessa proteína pode vir a se tornar uma estratégia terapêutica promissora para tratar o câncer de pulmão”, diz Daniela. Os resultados do trabalho, coordenado por Elena Levantini, da Escola Médica de Harvard, foram publicados nesta quarta-feira, 3, na revista Science Translational Medicine.

Há algum tempo sabe-se que o fator de transcrição C/EBPα age na regulação da expressão de genes e no processo de diferenciação celular, além de interromper, quando necessário, a mitose celular. Por isso, essa proteína é considerada uma importante supressora de tumores. O problema, segundo Daniela, é que sua função protetora em geral é anulada em vários tipos de câncer, como leucemia mielóide aguda, tumores de próstata, hepáticos e de pulmão. Apesar de os mecanismos por meio dos quais o C/EBPα parece regular a expressão da BMI1 ainda permanecerem desconhecidos, a ação de um inibidor da ação da proteína oncogênica está sendo avaliada em pacientes com tumores sólidos graves desde o ano passado nos Estados Unidos e no Canadá em um estudo clínico de fase 1.

Fonte: Pfarma

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