Laboratórios aguardam parcerias e ajuste de preços para retomar aportes

A indústria farmacêutica está em compasso de espera para retomar a agenda de investimentos no País este ano. Com a taxa de desemprego ainda elevada, o setor terá mais dificuldade para crescer em 2017.

“O setor é um dos últimos a entrar em crise, mas com as recentes altas na taxa de desemprego, que já está elevada, não sabemos se será possível repetir o crescimento do último ano”, contou o presidente do presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini.

A venda de medicamentos no País somou R$ 50,36 bilhões no ano passado, alta de 12,6% na comparação com 2015. O reajuste anual de preços do setor, autorizado pelo governo, foi de 12,5% no ano, sem descontar a inflação.

De acordo com Mussolini, o crescimento das vendas em volume foi de cerca de 10% no período. Em 2017, a expansão deve ser de até 8%. “Sem saber como ficará o [reajuste] de preços para a indústria em 2017, a taxa de juros e o desemprego, a setor dá uma refreada no investimento”, disse ele.

Na opinião de um dos diretores da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Pedro Bernardo, os laboratórios que puderem, vão segurar os aportes neste ano. “Só não vai parar quem já gastou o dinheiro ou já deu início a um projeto e agora tem que terminar”, acredita.

Bernardo também ressaltou que o reajuste esperado para a tabela de preços de medicamentos neste ano está entre as principais preocupações dos executivos das farmacêuticas.

“Ainda não sabemos como vai ficar, mas se tivermos um ajuste de 1,6%, considerando dados que já temos de inflação, será muito ruim para o setor”, comentou ele.

O problema, na avaliação do diretor da Interfarma, é a atual fórmula de cálculo do reajuste, que não reflete a magnitude do impacto do câmbio. “Além do possível reajuste abaixo do ideal, temos a Medida Provisória 754, aprovada no fim de 2016, que traz insegurança para o setor, porque abre espaço para que a qualquer tempo o governo faça uma intervenção reduzindo preços”, citou ele.

A MP permite que a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), formada por técnicos do governo, ajuste para cima ou para baixo os preços do setor, inclusive de forma extraordinária.

Expansão

As Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), iniciativa em discussão a cerca de três anos, e com apenas alguns projetos em andamento, é uma esperança de estímulo aos investimentos em 2017, segundo os ouvidos pelo DCI.

“O governo [federal] lançou uma lista de 52 medicamentos que são estratégicos para o Sistema Único de Saúde [SUS], o que já é uma sinalização positiva, mas isso não significa que teremos PDP para todos eles. Mas acredito que se fizermos 25% dessa lista será um bom avanço”, avaliou Mussolini.

Na semana passada, o dirigente do Sindusfarma participou da primeira reunião do ano sobre PDP, em Brasília. No encontro, os grupos de trabalho, como o tributário e de pesquisa, foram formados, mas não há estimativa sobre o ritmo de avanço das parcerias.

A consolidação do setor, outro movimento que poderia atrair investimentos, foi descartada por Mussolini neste ano. Para ele, há espaço para aquisições, mas o mercado precisa de mais previsibilidade. O segmento de genéricos, observou ele, pode ser o primeiro a ver essas operações.

Já o mercado de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP) está entre os que pode ter melhor desempenho neste ano, impulsionado pela liberação de novas substâncias para comercialização sem receita.

“Estimamos que a liberação de 30 substâncias deve ser solicitadas pelos laboratórios este ano. Assim, em um ano podemos ver o segmento saindo de uma parcela de 30% do mercado total de medicamentos, para até 40%”, observou a vice-presidente executiva da Abimip, Marli Sileci.

Fonte: Interfarma

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