Respondendo a uma pergunta da presidente-executiva da INTERFARMA, Elizabeth de Carvalhaes, de como a indústria e o Ministério da Saúde podem trabalhar para igualar o nível de acesso entre os setores público e privado, o ministro Luiz H. Mandetta disse entender o valor das novidades tecnológicas, mas que os “medicamentos caros não podem ser acessados pelos brasileiros sem o compartilhamento de risco da indústria”.
De acordo com o ministro, o modelo de financiamento da saúde pode ser revisto em alguns aspectos para ampliar o acesso e garantir os direitos previstos na Constituição. A declaração foi realizada durante o evento “Projeto Saúde para um Novo Brasil”, na tarde desta segunda-feira, dia 11.
O ministro criticou o modelo de PDPs. Segundo ele, será feita uma reavaliação, pois “as parcerias asseguram preços apenas por um determinado momento”, destacando que é importante deixar agir as leis de mercado. Ao encerrar o tema, o ministro propôs “um esforço conjunto com a indústria para melhorar o acesso” às novas tecnologias ao paciente brasileiro.
Luiz H. Mandetta foi o convidado do almoço-debate promovido pela Lide Empresarial, do Grupo Dória, e do qual a INTERFARMA foi uma das patrocinadoras. A presidente-executiva, Elizabeth de Carvalhaes, fez parte da mesa de debates. O ministro, que é médico, ex-deputado e ex-secretário de saúde, fez um breve histórico sobre o sistema de saúde no Brasil, mas ressaltou que o SUS é o modelo atual e que precisa ser valorizado e aperfeiçoado.
Neste sentido, Mandetta apresentou algumas propostas para reorganizar o sistema e torná-lo mais eficiente, como “implantação do conceito de Distritos Sanitários, viabilidade do prontuário eletrônico e melhoria da tecnologia da informação”. Anunciou, inclusive, uma mudança no organograma do Ministério da Saúde com a criação de uma Secretaria de Tecnologia da Informação, voltada para a melhoria da resolutividade na atenção primária.
O ministro falou também sobre desburocratização e sistema de regulação, que passarão por uma mudança significativa. “Vamos entrar num momento de segurança jurídica em que o cidadão brasileiro poderá fazer seus investimentos, sem burocracia. Assim, a partir da aprovação das reformas, especialmente a da Previdência, sairemos muito mais confiantes para implantar mudanças importantes para o Brasil”.
Luiz H. Mandetta falou ainda sobre teto de gastos, financiamento da saúde e redefinição do papel da União no sistema de saúde. Além disso, o ministro ressaltou a importância das farmácias, hoje focadas no comércio, resgatarem o conceito de “estabelecimento de saúde”. Dessa forma, elas voltariam a ter um papel importante na redução do impacto no sistema de saúde.
O evento contou também com a presença do secretário Estadual de Saúde, José Henrique Germann Ferreira, e de outros representantes do setor de saúde privada.
Pesquisa sobre clima empresarial
Durante o evento, os presentes responderam a 136ª edição do Índice LIDE-FGV de Clima Empresarial. O índice, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com o LIDE, é uma nota de 0 a 10, resultante de três componentes com o mesmo peso: governo, negócios e empregos.
Perguntados sobre qual a área que o Brasil precisa melhorar, a educação foi apontada por 34% dos empresários, seguida por infraestrutura (22%), política (21%), saúde (15%) e segurança (8%). Sobre o índice LIDE – FGV de empregos atuais (diretos e indiretos), 53% do empresariado acredita que o país vai empregar mais, contra 54% na última pesquisa; 42% acham que o Brasil vai manter a taxa atual, contra 40% no último estudo; e 5% acreditam que haverá demissões, contra 6% em dezembro do ano passado.
Sobre o otimismo na situação atual dos negócios, 53% acreditam estar melhor, contra 49% na última pesquisa; 42% acham que está igual, contra 41%; e 5% avaliam que a situação está pior, contra 10% em dezembro do ano passado.
Em relação ao levantamento anterior, feito em dezembro do ano passado, a preocupação com o atual cenário político aumentou de 84% para 90% do empresariado. A crise internacional, a inflação e o câmbio também são temas preocupantes para 6%, 3% e 2% dos empresários, respectivamente.
Fonte: Interfarma