O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse nesta terça-feira (6) que a pasta irá discutir uma “regra permanente” para que novas campanhas de vacinação tenham um prazo fixo para imunização de grupos prioritários. Em seguida, a vacina seria liberada para toda a população.
A medida será apresentada ainda neste mês à CIT (comissão intergestores tripartite), composta por secretários estaduais e municipais de saúde, e que define novas ações a serem adotadas no SUS.
Assim, caso não atinja a meta de vacinação do público-alvo no prazo previsto, como ocorreu com a campanha de imunização contra a gripe neste ano, a vacina passa a ser ofertada a todas as faixas etárias.
“Queremos que isso se torne uma política permanente nossa. Haverá prazo para o público-alvo, e terminado o prazo, a vacina fica disponível para todos. Já perdemos milhões e milhões de doses de vacina anteriormente por ficar prorrogando campanhas e atingir um público-alvo que não se apresenta”, afirmou.
O ministro não informou, porém, para quais tipos de vacinas a medida proposta poderia valer – inicialmente, a ideia seria adotar nas próximas campanhas de vacinação contra a gripe.
A iniciativa ocorre em meio à polêmica sobre a liberação da oferta da vacina da gripe para a população que não faz parte do grupo prioritário, formado por pessoas com maior risco de complicações e mortes devido à gripe.
Fazem parte desse grupo idosos, gestantes, puérperas (mulheres com até 45 dias após o parto), crianças de seis meses a menores de cinco anos, trabalhadores de saúde, entre outros.
Sem atingir a meta de vacinar até 90% do público-alvo, a campanha, inicialmente prevista para terminar em 26 de maio, foi prorrogada até dia 9 deste mês.
Na última sexta-feira (2), porém, o ministro anunciou que os estoques ainda disponíveis da vacina -cerca de 10 milhões de doses– poderiam ser ofertados nas unidades básicas de saúde para todas as faixas etárias.
A medida recebeu crítica de especialistas, para quem, com a liberação de poucas doses para toda a população, há risco de faltar vacina para pessoas que fazem parte dos grupos mais vulneráveis à gripe e ainda não foram vacinadas.
Para o secretário de saúde do Paraná e presidente do Conass, conselho que reúne secretários estaduais de saúde, Michele Caputo Neto, a medida de liberar a vacina para todos foi “precipitada”.
“Faltou avaliar isso entre outros gestores do SUS. Imagina se uma gestante, um diabético grave, precisar da vacina e não tiver porque abriu para grupos mais saudáveis e menos expostos [a riscos da gripe]”, diz ele, para quem era preciso respeitar o novo prazo antes de anunciar as mudanças.
Em São Paulo, a secretaria estadual de saúde anunciou que iria manter a vacinação apenas para os grupos prioritários. Medida semelhante foi adotada por outros Estados, como o Paraná, que anunciou que irá estudar uma possível ampliação apenas após o fim da campanha, na sexta-feira (9), mas ainda considerando outros grupos mais vulneráveis, como moradores de rua, por exemplo.
Questionado, o ministro afirma que os Estados e municípios têm autonomia para tomar decisões. Para ele, porém, a liberação é “adequada”.
“A vacina da gripe tem que ser aplicada antes do inverno chegar”, afirma. “Defendo que não percamos vacinas.”
Segundo o ministério, a orientação é que, nos Estados que aderiram à liberação, pessoas que fazem parte dos grupos de maior risco para a gripe, como idosos, tenham prioridade na fila para receber a vacina.
Fonte: Folha de SP