Produção e demanda interna de químicos sofrem nova queda em setembro de 2022

Em setembro de 2022, os principais índices de desempenho dos produtos químicos de uso industrial registraram resultados negativos, na comparação com o mês anterior, conforme dados preliminares dos indicadores Abiquim-Fipe. A produção caiu 1,39%, enquanto a demanda interna, medida pelo consumo aparente nacional (CAN), e o volume de importações recuaram 7,9% e 10,5%, respectivamente. Por outro lado, as vendas internas cresceram 1,93%, ocupando parcela maior da demanda local.

Os resultados de setembro deste ano foram inferiores também aos de igual mês do ano passado, mostrando a desaceleração já observada nos últimos quatro meses: produção (-9,76%), demanda interna (-13,8%) e volume importado (-19,0%). Como exceção, destaca-se o índice de vendas internas, que teve desempenho 0,72% melhor em setembro deste ano, sobre igual mês do ano passado. O indicador de utilização da capacidade instalada ficou em 66% em setembro de 2022, quatro pontos abaixo do que havia registrado em igual mês de 2021. O IGP-Preços-Abiquim-FIPE registrou deflação de 7,82% em setembro.

Acompanhe, na tabela abaixo, os principais indicadores do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim:

De acordo com Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, o cenário continua desafiador no período recente, não só no Brasil, mas em todo o mundo. “A crise entre Rússia e Ucrânia e a instabilidade gerada no que diz respeito ao cenário energético internacional acabam impactando toda a indústria, mas, em especial a química, que possui em sua base de produção matérias-primas básicas oriundas do setor de óleo e gás, além de ser usuária intensiva de energia elétrica. Os preços dos energéticos em geral (óleo, gás e eletricidade) têm subido de forma intensa, a confiabilidade de suprimento tem sido prejudicada e não há expectativa de uma solução de curto prazo.” 

Ferreira salienta ainda que essa crise afeta o mundo justamente quando se esperava uma recuperação econômica após a pandemia de Covid-19, com impactos severos na inflação, nos juros, no encarecimento da logística internacional e na performance econômica de diversos países. “A indústria química europeia e a brasileira, que tem sua base de produção ancorada em matérias-primas oriundas do petróleo, sofrem diretamente com esse cenário adverso, sobretudo pela enorme dependência por matérias-primas importadas. Os preços do gás no Brasil antes do conflito eram o dobro do europeu e o triplo do americano, mas essas referências estão ainda piores pela forte alta na cotação do GNL”, diz a diretora, ressaltando que o gás está custando cerca de US$ 20/MMBTU no Brasil, sem a margem de distribuição, enquanto a referência americana está perto de US$ 7,5/MMBTU.

Em setembro de 2022, o Real se desvalorizou 4,39%, em relação ao dólar, enquanto os preços do petróleo Brent e da nafta petroquímica, no mercado internacional, convertidos para reais, apresentaram queda de 7,06% e de 3,84%, respectivamente, na comparação com o mês de agosto.

Nos últimos 12 meses, de outubro de 2021 a setembro de 2022, o índice de produção foi negativo em 1,06% sobre os 12 meses anteriores, com ligeira piora em relação aos 12 meses anteriores, enquanto o de vendas internas recuou 2,70%. A utilização da capacidade instalada ficou em 72% nos últimos 12 meses. Vale registrar que, se o Brasil tivesse maior oferta de gás natural do pré-sal e competitividade, a indústria química poderia aproveitar muitas oportunidades de exportação, com a ocupação do parque instalado ocioso, de 28%.

Na comparação anualizada, o CAN apresenta praticamente o mesmo resultado de igual período do ano anterior, com resultado negativo de 0,4% nos 12 meses encerrados em setembro de 2022. Já o volume de importações recuou 4,5% entre outubro de 2021 e setembro de 2022, enquanto o de exportações cresceu 3,2%. As importações ocuparam fatia expressiva da demanda, alcançando 44% nos últimos 12 meses. Quanto ao índice de preços, houve elevação nominal de 1,36% no acumulado dos últimos 12 meses, até setembro. 

Fonte: Abiquim

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