Os principais índices do segmento de produtos químicos de uso industrial apontam um bom início de ano para o setor. No acumulado do 1º trimestre de 2017, em comparação com o mesmo período do ano passado, o índice de produção cresceu 3,86%, as vendas internas tiveram elevação de 0,90% e o consumo aparente nacional (CAN) cresceu expressivos 18,5%, conforme dados preliminares da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). No entanto, esse crescimento se deve a base deprimida de comparação alerta a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira. “O setor químico, assim como toda a economia nacional, passou por um período de mais de dois anos de intensa recessão”, avalia.
Com relação ao índice de preços, houve elevação de 10,70% no acumulado do 1º trimestre deste ano. Já a taxa de utilização da capacidade instalada ficou em 79% na média dos primeiros três meses do ano, um ponto acima da registrada em igual período do ano passado, sobretudo pela ocorrência de paradas programadas para manutenção, o que permite vislumbrar espaço para crescimento da produção no curto prazo. Na comparação dos últimos 12 meses encerrados em março, em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, o CAN cresceu 10,7%, a produção subiu 4,30% e a utilização da capacidade instalada ficou em 81%, três pontos acima da taxa dos 12 meses imediatamente anteriores.
Segundo Fátima, há alguns anos as inúmeras oportunidades que a elevação da demanda interna tem trazido ao País estão sendo aproveitadas por fatias cada vez maiores de produtos importados. “Esse círculo vicioso tem se agravado pela diminuição da demanda mundial por produtos químicos, que tem gerado excedentes exportáveis para Países cuja demanda interna ainda está em ascensão, caso do Brasil; pela matéria-prima nacional não competitiva em relação a outros países; pela tarifa de energia excessivamente alta; e pelo câmbio ainda favorável às importações”.
É de se destacar o esforço do governo federal para tentar buscar a aprovação de importantes reformas. A regulamentação das atividades de terceirização e a aprovação da reforma das leis do trabalho são exemplos importantes de medidas que podem contribuir para que novas contratações sejam estimuladas. Além disso, a reforma da previdência e a reforma tributária serão de extrema relevância para o futuro. Para a química, devem ser destacados projetos como o Programa Gás para Crescer, que tem por objetivo a definição de um novo marco regulatório para o gás natural; o Programa Combustível Brasil, que também tem por meta traçar as necessidades em termos de refino de derivados do petróleo, e o Renova Bio. “Os três programas são de extrema relevância uma vez que tocam no que há de mais importante para o setor químico, que é a disponibilidade e a competitividade de suas matérias-primas básicas”, explica Fátima.
A equipe de Economia e Estatística da Abiquim acaba de produzir dois documentos, que trazem a retrospectiva dos números divulgados mensalmente no RAC por grupos de produtos: “Utilização da Capacidade Instalada”, que de 2008 a 2016 manteve um índice de 80% da capacidade instalada, e “Índice de Quantum das Vendas Internas e Índice de Preços Reais”, com dados coletados desde 1996, incluindo a produção, índice de preços deflacionados pelo IPA-Industrial, da FGV, e pela variação do dólar. Os dados presentes nos documentos são usados na elaboração do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC). “Tão importante quanto uma análise pontual mensal é a análise histórica das séries de dados como forma de traçar cenários e possibilitar uma visão mais realista sobre a situação, além de propiciar indicações para a construção do futuro por meio da avaliação do passado. Melhor ainda se essa análise puder ser feita pelos diferentes grupos de produtos do segmento de produtos químicos de uso industrial”, finaliza Fátima.
Fonte: Abiquim