A produção de químicos de uso industrial teve a segunda alta em dois meses e subiu 15,21% em julho, em comparação com junho, quando o índice já tinha subido 11,26% na comparação com o mês anterior. Também em julho, as vendas internas cresceram 22,69% e somado aos crescimentos alcançados em junho, 19,53% e em maio, 16,02%, o índice de vendas internas acumulou aumento de 70,1% nos últimos três meses em comparação com abril, segundo dados do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim.
Já o consumo aparente nacional (CAN), que mede o resultado da soma da produção mais importação excetuando-se as exportações, cresceu 16,9% em julho, na comparação com o mês anterior. No entanto, chama a atenção a alta do volume importado que subiu 22,6% na mesma base de comparação. O índice de utilização da capacidade instalada também apresentou elevação em julho, alcançando 76%, contra 70% em junho e 62% em maio.
“Esta recente recuperação traz alívio ao setor e sinaliza que o ‘fundo do poço’ parece realmente ter sido alcançado em abril e maio e o momento agora é de recuperação das perdas, se não houver uma segunda onda da pandemia”, avalia a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.
Mas a diretora da Abiquim ressalta: “apesar da retomada mais recente, no acumulado do ano ainda não foi possível inverter a trajetória negativa”. De janeiro a julho de 2020, sobre igual período do ano anterior, a produção recuou 5,89%, as vendas internas caíram 8,62% e a taxa de utilização da capacidade instalada ficou em 70%, mantendo nível baixo para o padrão de operação da indústria química.
Ainda no resultado acumulado de 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado, o volume de produtos importados teve elevação de 20%, enquanto as exportações recuaram 10,3% e o CAN teve elevação de 8,2%. Dessa forma, a participação do produto importado sobre a demanda local foi de 44% no período, quatro pontos porcentuais acima de iguais meses do ano passado.
“Para mudar essa situação é fundamental que o projeto de lei (PL) 6.407/2013, PL do Gás, seja aprovado no Congresso Nacional o mais breve possível, dando sinais positivos para os investidores inserirem o Brasil como atrativo para receber novas plantas e melhorar a competitividade da indústria nacional, que poderá ter acesso a matéria-prima e energia a preços similares aos praticados nos Estados Unidos e Europa. As vendas internas melhoraram, mas o produto importado tem ganhado espaço no mercado local e nos últimos anos, alguns importantes produtos químicos deixaram de ser produzidos no País, como metanol, isocianatos, dentre outros, apenas para ficar naqueles cuja matéria-prima principal é o gás natural. Como consequência perdemos valor agregado, impostos, empregos de qualidade, ou seja, o País ficou mais pobre”, avalia Fátima.
Fonte: Abiquim