Remédios e planos já respondem por 80% dos gastos com saúde

Os remédios e os planos de saúde estão abocanhando cada vez mais recursos dos gastos de saúde das famílias brasileiras. Eles já representam quase 80% dessas despesas.

E a população acima de 60 anos é a que mais sofre. Os idosos gastam 58,1% a mais que a média da população para arcarem com os custos médicos, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008/2009, divulgada ontem pelo IBGE.

A parcela dos remédios nos gastos subiu de 44,9% para 48,6%; e a participação das despesas com planos de saúde, de 25,9% para 29,8%. Na faixa etária acima de 70 anos, a fatia da renda gasta com remédios sobe a 53,54%. Com plano de saúde, vai a 30,23%. No período entre a pesquisa de 2002/2003 e a divulgada ontem, o governo implantou a Farmácia Popular e os efeitos já começam a aparecer. A parcela de despesas não monetárias (doações e outros) nos gastos dos remédios subiu de 16,9% do levantamento anterior para 26,8%.

— Isso mostra que as políticas públicas que estão em curso (distribuição de remédios em postos de saúde e a Farmácia Popular) tiveram impacto nos gastos com medicamentos principalmente para os idosos. Os remédios distribuídos na Farmácia Popular são os mais baratos e, por isso, não comporta todos os gastos das famílias. Medicamentos para colesterol e asma foram incluídos mais recentemente — explicou Lígia Bahia, doutora em Saúde Pública e professora da UFRJ.

PLANOS SÃO FOCO DE RECLAMAÇÕES E o gasto com farmácia das famílias dos mais idosos é maior mesmo que façam parte de famílias menores. Na média, as famílias têm 3,3 pessoas. Quando a pessoa de referência tem mais de 70 anos, o tamanho da família cai para 2,53 pessoas. A assistência à saúde responde por 7,2% das despesas de consumo.

Grupo de gastos que só perde para educação, 3%. As maiores despesas são de habitação (35,9%), alimentação (19,8%), transporte (19,6%).

— A melhora da renda, a redução do tamanho das famílias e o envelhecimento da população estão elevando os gastos com saúde — afirma o professor da FEA/USP Heron do Carmo.

A desigualdade regional também aparece nos cruzamentos. O gasto de saúde dos 10% mais ricos é de R$ 563,69, o que supera em dez vezes o gasto de R$ 53,45 dos 40% mais pobres.

Lígia chama a atenção para os gastos da Região Norte, que representam a metade das despesas da média da população e respondem por 41% dos gastos com saúde na Região Sudeste: — Isso definitivamente não quer dizer que a saúde pública lá é boa.

Com o aumento das pessoas com planos de saúde — eram 42,2 milhões de beneficiários em 2009 contra 31,7 milhões em 2003 — as queixas só crescem.

E as emergências privadas começam a ter tempo de espera semelhante às emergências públicas. A empresária Ayla Meireles paga R$ 1,5 mil por mês por um plano de saúde para ela, o marido e a filha de 2 anos. Recentemente, com quadro hemorrágico e fortes dores, ficou quatro horas numa maca, em um corredor de um hospital de uma rede renomada de São Paulo: — O meu plano dá direito a um quarto particular. E fiquei no corredor, por mera questão burocrática do plano.

Fonte: O Globo

Sindicato Intermunicipal da Indústria Química e Farmacêutica de Juiz de Fora

Av. Garcia Rodrigues Paes, 12.395 - Bairro Industrial - 36081-500 - Juiz de Fora

Telefax: (32) 3224-0999